Quando lembro
do que vivi;
do que me aconteceu;
do que aconteceu aos outros;
do que tive de suportar;
do que tive de engolir;
do que tive de fugir;
do que permiti que fizessem comigo;
do que senti;
do que menti pra mim mesma;
do que menti para os outros.
Lembro
da coragem que me abandonou,
do medo que me paralisou,
da vergonha que senti,
da indecisão que me confundiu,
da desesperança que me invadiu,
do ódio que ainda hoje me aleija e que me faz lembrar,
de tempos em tempos,
do que eu poderia ser ou ter sido. Quem sabe algum dia, ainda serei.
Quem sabe neste dia, quando olhar para trás,
entenda que tudo que aconteceu, tinha de acontecer.
E que do meu jeito,
fiz o que pude de melhor.
Sem críticas. Sem comiseração. Sem culpa.
Por enquanto,
deslembrar me desmembrando tem sido o caminho.
Minha verdade e vida.
Que meus filhos entendam e me perdoem.
Pois, jamais me perdoarei.
Não existe perdão pra tamanha hesitação.