Sobre o blog

Já falei, comentei e escrevi sobre o pq do blog: lugar de descarrego, anotação, lembrança, pensamento, confusão, dispersão, registro … talvez chegue o dia em que ele me lembre do que vivi, senti e fiz. Pq a vida vai passando, a gente vai esquecendo de instantes e momentos pequenos e maravilhosos; vai esquecendo do quanto fomos úteis e interessantes. Do quanto aprendemos e o que aprendemos. Do que sentimos e pensamos. A vida muitas vezes passa feito rodo de chão ou rolo compressor. Sobrevivemos quando escrevemos. Existimos através de palavras e ideias. Por isso mantenho o blog.

Passiva/Ativa

E meu blog anda meio muito devagar. Quase parado. Tem dia que as ideias desfilam numa passarela imaginária de contos, crônicas ou poesias. Me encaram fazendo beicinho, acenando temas inéditos, engraçados, inteligentes. Perco o timming quando a estrutura gira e retorna por detrás de véus de tules e organzas, sumindo atrás das cortinas de veludo que separam a plateia do palco e da passarela. Nesse rodopio perco a inspiração. O desfile fecha. E não escrevo. Pelo menos estou agarrada num novo romance. “Ele e eu” está se desenrolando e se desenvolvendo em primeira pessoa. O texto pretende ser divertido e sensual. Leio e releio o texto e corto e recorto tanto o tempo todo, que preciso ler e reler de novo, mais uma vez. Agora o texto está descansando. Precisamos dar um tempo na nossa relação. Os caminhos que se apresentaram, parece, foram trilhados com carroça. Talvez haja um melhor jeito. Quem sabe na próxima semana uma Ferrari se apresente pra trilhar melhor a partir do capítulo 12. Foi onde perdi a direção e a conduão e segui em frente até o capítulo 20. Resolvi então, olhar pra trás. Não sei ao certo se o que vi foi neblina, serração ou um dia nublado e escuro. Era pra ser divertido, focado e sensual. Ficou novelesco, burlesco demais. Nesse meio tempo, li John Katzenbach (E o que vem depois) e “Caixa de Pássaros” de Josh Malerman. Dois thrillers psicológicos de tirar o fôlego e o sono. Como ainda tenho alguns dias pra reatar meu relacionamento com “Ele e eu”, baixei da prateleira “O analista”, também de John Katzenbach. Dele também li “A história de uma louca”. Livros – todos – recomendadíssimos.

Balelas

Depois de mais um piti do meu MAC (tive que apelar pra garantia e trocar de novo a placa mãe, a segunda vez em pouco tempo) o retorno `a escrita tá assim meio que empacada. Vários temas já desfilaram na passarela, mas nenhuma palavra ganhou o teclado ou o papel: minha paixão por pijamas velhos e detonados, algumas ideias alheias do livro “A terra inteira e o céu infinito” de Ruth Ozeki (maravilhoso e recomendadíssimo), minha eterna e interminável arrumação e organização domestica, meu retorno `a academia e dieta (arrrrrrggg), alguns mini insights … o prêmio de jardim ecológico que minha mãe recebeu em Colinas, algumas reflexões sobre o prazer da solidão e do silencio, os ratos no armário antigo que levei pra restaurar, enfim, assunto não falta, (sem contar nas questões politicas, econômicas, Lava Jato, corrupção, crise e fofocas). Até dei um “up” nos meus textos técnicos. E foi só. A sensação de bloqueio literário é pungente e abissal. Sinto-me alheia ao fazer e escrever. Pelo menos, tenho lido com certa regularidade e tento me convencer e aplacar minha ânsia justificando que estou melhorando meu vocabulário e memorizando as novas alterações gramaticais da língua portuguesa. A realidade é outra, e mistura um sem número de possibilidades: preguiça, esgotamento, cansaço, stress, medo…. e blablablabla …

Ok. Eu ia escrever sobre esta balela toda.

A verdade é que sempre existe desculpa pra qualquer coisa que a gente não consegue ou não quer fazer.

A verdade é que a gente deve eleger prioridades e fazer acontecer. Assim que deve ser.

Ok. Por onde eu recomeço?

Por onde (re) começar?

Depois de mais de 30 dias sem escrever – literalmente sem escrever – estou de volta, esperando ficar mais tempo desta vez. Eternamente, quem sabe. Minha ausência foi apenas uma questão técnica: MAC pifado, duvidas sobre trocar por um PC … resolvi dar uma segunda chance pro meu MAC e investi numa nova placa mãe, o que custou o equivalente a um PC novinho e simplinho e 45 dias de espera, sem contar no vácuo das postagens e uma sensação de ter perdido as asas, pernas e braços, a imaginação, a inspiração e a mão para a escrita. Neste período surgiram zilhões de ideias para romances, crônicas, contos, reflexões … pensava em como faziam Proust, Nietzsche, Shakespeare e tantos outros gigantes da Literatura … Pensei em apelar e lascar os dedos na velha Olivetti de teclas cor de rosa. Desisti e fui pintar telas, crochetar mantas, arrumar gavetas, preparar bolos, caminhar na praia, cair das pedras e esfolar diabolicamente o calcanhar, assistir bons filmes e ler excelentes livros. Descobri a autora inglesa Jojo Moyes e me encantei com “Um mais um” e “ A ultima carta de amor”. Li o livro “Livre” de Cheryl Strayed e me arrepiei inteira – haja coragem pra tamanha aventura. Teve a fase “ aluna dedicada” e li textos e livros de Arteterapia. Jung se encaixa nesta fase. Neste momento estou percorrendo “O caminho de Swan” com Proust.

Mas nada se compara a escrever as próprias palavras. Sem escrever, quase me perco de mim mesma. Nas minhas palavras, reencontro momentos e situações. O não escrever implica numa miopia do próprio dia a dia. Por isso, volta e meia navegava no meu blog e me encantava com meus escritos. Não sou nenhuma Clarice Lispector, Lia Luft ou Martha Medeiros (sou mais a Danuza Leão – alguém leu a crônica dela na revista Claudia “Perigoso contagio”? Excelente!!!!!). Quando escrevo me descrevo e me insiro no meu ambiente. Me reencontro nas minhas palavras. Gosto disso, e isso me basta.

Neste período quem apareceu foi a Mia, uma gata preta de rabo pitoco e quebrado. Me apaixonei pela aleijada carinhosa e cheia de energia que já caiu do mezanino, na piscina e de muitos degraus espalhados pela casa. Ela cai, levanta e sai correndo. Assim, meio que estabanada, mas, absolutamente obstinada em conhecer todos os cantos e possibilidades do imenso universo que deve representar a nova morada. Como a maioria dos filhotes, ela desconhece o medo. E isso me inspira. Também tenho que superar medos, conquistar novos espaços, ser obstinada no meu novo viver. Aprenderemos juntas a evitar as quedas desnecessárias. Sobreviveremos.

Foi tempo para adiantar a obra, sublocar uma sala pra clinicar e praticar a psicologia que tanta falta me faz. 45 dias sem escrever palavra alguma. Mesmo assim, inscrevi o que quer ser descrito e escrito pra não ser esquecido. Por onde começar?

Pelo começo.

Retomando

Depois de bastante tempo, amanheci com vontade de escrever. Vontade, exatamente não. Uma leve pontada de senso de dever, do tipo você tem que escrever, nem que seja um pouquinho, tá mais do que na hora de produzir algo … por isso, cá estou, sentada, pensando sobre o assunto, aguardando a flecha da inspiração, o raio luminoso das grandes idéias. Mas nada acontece … a não ser a tela branca do computador e o cursor piscando e me atormentando, aguardando as primeiras palavras (normalmente deletadas) Sobre o que poderia escrever? Sobre as telas que reformei e pintei, sobre meu trabalho insano de organizar duas casas em uma, sobre o “Mal de Addison” de Jane Austen, sobre o dilúvio que caiu no carnaval, sobre a cabeceira de cama que encomendei ainda há pouco? Fatos, idéias e reflexões acontecem o tempo todo, inclusive neste longo período inativo. Aliás, é incrível como surgem temas e textos quando menos se espera, quando não se tem um mísero lápis ou pedaço de papel, quando o computador está desligado a dez andares de distância da vontade e dos temas que evaporam e somem do mesmo jeito que apareceram: do nada. E, assim como vieram, se vão. Picasso já dizia que pintava, independente da inspiração. Marian Keyes (de quem li o último livro “Chá de Sumiço”) aconselha “… pare de falar sobre suas idéias e comece a colocá-las no papel, palavra por palavra … Não desanime nem fique surpreso se os primeiros esforços lhe parecerem terrivelmente ruins – em vez disso, crie a expectativa de se maravilhar com a diferença que existe entre o que está na sua cabeça e o que aparece na página escrita. Tenha perseverança! As chances de você melhorar a cada dia são grandes.” Minha professora de Escrita Criativa, Noemi Jaffe,  também dizia que não existia esta história de inspiração para escrever, que tudo era uma questão de técnica e disciplina.

Ou seja, o jeito é escrever, escrever, escrever.

Nele

Escrevo pra ocupar meu tempo, minha mente, corpo, emoções, a própria vida.

Escrevendo, faço meu exercício aeróbico favorito:

Nele,

ventilo idéias, quereres e não quereres.

Nele,

Pressinto o ontem, vivo o amanhã, fantasio o agora.

Nele,

Malho a preguiça do sentir.

Então,

escrevo porque escrevo e porque gosto.

Porque mais escreveria?

Ócio Criativo

… pois este tipo de assunto me assunta nas segundas-feiras … mistura de sono, cansaço, preguiça e tédio. Um ambiente mental e espiritual perfeito para divagações e reflexões. Segunda-feira é o dia em que gosto de escrever, fazer pic nic na cama, acordar tarde, não marcar compromissos – desde que parei de clinicar, o máximo que faço é colocar roupa e louça nas máquinas -, leio, releio, medito, penso. Quase de noitezinha, me recupero deste ambiente espectral e imagético. Se pudesse, viveria em permanente ambiente de ócio criativo.

Tem coisa melhor que viajar?

Claro que tem. Mas viajar é uma das melhores coisas que existem. Sair de casa, do bairro, da cidade, do país. Sair de si mesmo e desbravar um novo mundo dentro e fora da gente. Se reconhecer diferente, e ser, de fato, diferente. Sair da rotina, da vida sabida e conhecida. E conhecer este mundão lindo, cheio de mitos, culturas e pessoas. A Terra – o paraíso redondo – cruzado por linhas retas, angulosas e serpenteantes. Pontos cardeais e colaterais que colidem e se fundem. Cada viagem, uma escolha. O resto são consequências: a preparação, a expectativa, a aventura diária, as fotos, compras, hoteis, restaurantes, passeios. Vinte e quatro horas inéditas por dia. Pouco importa como e onde. Importa ir, aproveitar, chegar, e se possível, voltar com a viagem impregnada nas células da própria história. Já viajei e fotografei muito. Escrevi pouco. Estou correndo atrás.

Montagem com fotos da internet
Montagem com fotos da internet

Viajo hoje, volto na metade de junho, espero que cheia de histórias pra contar. Neste meio tempo, o blog vai se manter ativo – dia sim, dia não – graças ao pré-agendamento. Com exceção dos três primeiros textos (Preparando as malas; Roupas, o que levar; e, Banho de Beleza) todos os outros textos são curtos, reflexões e miniaturas.

Arrivederci! Bye Bye! Auf Wiedersehen! Hasta pronto! Até a volta!

Para escrever

Faz dias, semanas que não escrevo. Sequer sei sobre o que ou como escrever. Dias atrás, passei algumas horas com um amigo escritor, imaginando que por osmose, este saber ou este querer, milagrosamente, se apossasse de mim. Que nada. Disse-me ele algo que aplacou minha ânsia: estava eu fazendo coisas demais, viajando demais, agitando demais. Depois, mostrou seu canto de escrever: um quarto pequeno, uma janela pequena, uma mesa pequena. À sua volta, o universo de sua personagem. Nada de horizontes a perder de vista, nem a inspiração, as palavras ou a vida na vitrine, ou a imensidão de tudo podendo se perder ou sumir no turbilhão da contemporaneidade. O escrever exige a limitação de estímulos. Quer ser o próprio estímulo. Acho que é isto. Ando cheia de planos, projetos, viagens, cursos, festas. Ando muito fora de mim mesma. Ando cheia de mundo. Preciso regressar em mim e reencontrar minhas palavras. Sim, a escrita é e quer ser um ato solitário. Sim, a escrita é egoísta e exigente. Decidi não ser dela agora.

Cinco quilos mais gorda, cem quilos mais leve!!!!

É esta a sensação. Depois de mais de 45 dias envolvida na escrita e conclusão do livro “Longe de tudo e de todos”. Ainda não tive coragem de subir na balança, mas meus jeans não enganam. Apertadéééeésimos.
Quando comecei a escrevê-lo em fevereiro de 2010, tinha me proposto escrever com calma, sem pressa e prazo. Escrevi as 50 primeiras páginas. Em julho, retomei o livro e escrevi mais 60 páginas. A ideia de inscrevê-lo num concurso literário me colocou frente ao dilema de escrever com calma ou acelerar o ritmo e finalizá-lo com data determinada. Optei pela data determinada. Em 45 dias escrevi mais de 160 páginas. Longe de tudo e de todos ficou com 280 páginas, na versão WORD,1,5 de espaço entre linhas, fonte Arial 12. Possivelmente, mais de 400 páginas se for impresso. Tomara que seja.
Ele é a versão em romance de “Um ninho para chamar de seu – reflexões na meia idade” meu livro de crônicas sobre a mulher de meia-idade – inédito e tão mexido e remexido – que resolvi deixá-lo como banco de dados para meus escritos futuros.
Muitos me perguntam como é escrever um romance. Cada um tem suas curiosidades e eu mesmo as tenho. Gostaria sinceramente de saber como esta experiência é vivida por profissionais com anos de estrada, já que eu me enclausurava, não via graça nenhuma do lado de fora do apartamento, acabei com meu estoque de Lexotan (3mg) e com os chocolates da Páscoa, comia pizza e lazagna Sadia intercaladamente semanas a fio, dormia com um bloco e uma caneta na cabeceira e parecia um zumbi caminhando, no meio da noite, acordada por aquela palavra, aquela expressão, aquela ideia que fugiu o dia inteiro e que me obrigava a levantar e escrever. Por isso o Lexotan 3 mg. Precisava desligar. E por mais que eu escrevesse parecia não chegar nunca ao final. Consegui perder três dias inteiros de trabalho ao não salvar minhas anotações – até hoje custo a acreditar que fui capaz disso – mas o sumiço delas não encontra outra explicação lógica. Prefiro acreditar que não era a versão correta. Acabei mudando o capítulo, e agora, concluída a tarefa, posso afirmar que foi isso mesmo. Gostei do novo rumo e do ritmo que consegui dar ao romance.
Agora só resta esperar e torcer.
Voltar à dieta, às atividades físicas, às leituras.
Voltar à vida. Sem me sentir prisioneira de uma cadeira e de uma história
Será que ser escritora é assim?