Demorou, mas aconteceu.
Enfim, todas as peças cerâmicas finalizadas.
Prontas para o uso. Pra 2020, novos projetos à vista.
Neste meio tempo, conheci a ceramista Bruna em São Paulo, por obra do destino e inacreditáveis coincidências: conhecidos comuns, experiências e vivências à parte, Bruna, do Deriva Atelier, estava se preparando para dar um curso de esmaltação cerâmica em Santo Antônio de Lisboa, Floripa, no mês de novembro, dias 25 e 27. Me inscrevi e fui. Lá encontrei outras ceramistas: Catarina, Zezé, Elizângela e Arinete. Todas alunas da Escola de Oleiros de São José.
O curso foi bem básico. Serviu para revisar conceitos e esclarecer algumas dúvidas:
Agora é só esperar a queima e ver o resultado.
Feliz pelo fechamento de 2019 no quesito cerâmica e esmaltações.
No final de 2018 dei um tempo na cerâmica por conta de frustrações e decepções. Minha antiga professora não podia ou não queria queimar minhas peças. Um banho de água fria semanal. Parei oito meses. Timidamente retornei em agosto em outro atelier e outra professora. O atelier da ceramista Carmen Mello tem sido um bálsamo. A professora é a motivação em pessoa. O que quer que seus alunos façam, ela elogia. Tudo está sempre bom. Apesar de nem sempre concordar com ela – e céus, tem coisa feia demais sendo produzida – estar neste ambiente de energia positiva e produtiva tem sido revigorante. Projetos antigos – como a louça exclusiva do cheff – estão ganhando espaço e corpo; técnicas e acabamentos diferenciados acontecem sem grande planejamento mas sempre de boa vontade; as colegas vem e vão o tempo inteiro (mas quem está sempre presente às quintas-feiras é a Dona Selmira, de 86 anos, uma entusiasta na arte cerâmica); mas, o mais importante de tudo é o astral da peça concluída: finalizada e queimada, pronta para ir pra casa.
Talvez este seja o maior motivo de ter retomado a cerâmica e fazer mais. Sempre e cada vez mais. Pra 2020 me vejo operando o torno elétrico. Quem sabe seja a hora de comprar um. Talvez o forno, um pouco mais adiante. Por hora, a certeza de transformar meu entulhado depósito num prático atelier de cerâmica. A ideia é produzir peças para toda família, luminárias para o jardim, para a cozinha e um cem número de possibilidades.
Além de produzir algumas peças novas (a maior de todas foi a base do abajour escultórico) consegui biscoitar todas as peças produzidas entre 2017 e 2019, conhecer o “engobe” e finalizar todos os projetos, esmaltando em alta temperatura. Este “engobe (argila líquida com corante) foi aplicado antes da queima do biscoito.
Quando fui a São Paulo, por ocasião do lançamento da antologia “Do que antes nunca tarde”, comprei diversos esmaltes (3073 – Esmalte Marrom Temoko; 6013 – Esmalte Oliva; 6003 – Esmalte Verde Cobreado; 3013 – Esmalte Saara; 2015 – Esmalte Blueberry) na loja Arte Brasil, na Vila Mariana. Prático e barato. Depois foi só misturar com água, identificar os potes e esmaltar. Usei a técnica do Pincel e o Banho. Agora é só esperar a queima e conferir o resultado.
Na última aula de esmaltação cerâmica aprendi a usar uma nova técnica. Lembrou da época em que usávamos o “Flit de Neocid” para espantar e matar moscas, mosquitos e demais insetos asquerosos e pestilentos. O conceito é o mesmo: coloca–se a composição mineral no reservatório plástico e aciona–se a bomba com movimentos rápidos e rítmicos. É importante mirar e acertar o objeto onde a mistura deve ser pulverizada uniformemente.
Na cerâmica, o uso do Aero Brush permite que a esmaltação não apresente as possíveis marcas que os pinceis podem deixar.
Depois de pulverizado, usa-se o dedo indicador num movimento leve e circular para terminar de preencher e conferir se a espessura de 2 mm de minério foi alcançada de forma parelha em toda a peça a ser esmaltada.
Das três peças pulverizadas pelo Aero Brush, uma vai ser finalizada com “terra sigillata” ou argila líquida aplicada com pincel. Foi usado fita crepe para dividir o vaso em duas metades, cada uma com acabamentos diferentes.
Como o tempo e o processo de execução e finalização de cada peça cerâmica é demasiado longo (devido a questões do ateliê/forno), optei por postar as fases em que as etapas vão acontecendo.
As peças que aparecem neste post foram produzidas há um ano.
Cá estou eu, mergulhando a nadando de braçada no lodo da política brasileira, subindo de vez em quando à tona pra respirar arte e serenidade. Porque de resto, a vida segue: família, trabalho, casa, amigos, faxina, jardim, agendamento de exposições, literatura, grupo de estudos … e minhas aulas de cerâmica.
Depois de tanto tempo, eis que trago pra casa minhas primeiras cerâmicas esmaltadas. Por recomendação da professora esmaltei apenas algumas das menores peças. Pra aprender. Pra registrar. Porque cerâmica é uma arte milenar e é preciso observar e anotar o resultado das experiências. E fui logo corrigida: não estou pintando cerâmicas. Estou esmaltando. Estou depositando minérios que se fundem em temperaturas de até 1300 ºC. Eis o resultado:
Meio chinfrim minha primeira experiência … mas é assim com praticamente tudo na vida: começa pequeno e meio sem graça. Depois melhora.
A boa notícia é que me sinto cada vez mais integrada e familiarizada com o universo argilino (e pensar que tudo começou pelo amor à Psicologia e Arteterapia). E cada vez mais, minhas cerâmicas expressam meu estilo e ganham minha assinatura artística.
Hoje resolvi extrapolar na esmaltação e fazer todo tipo de experimentação. Misturei tudo com tudo em mais de vinte peças. O resultado final, de roer até as unhas do pé, só daqui uns 15 dias.
Este contato com o barro tem me dado chão.
Tem me dado tempo.
Tem ampliado conceitos.
Tem me apresentado à pessoas muito bacanas.
E foi assim que conheci a “Maga das Velas”, a mundialmente famosa Maria Pessoa. Uma artista que já expôs velas em diversas galerias da Europa, fez matérias para várias revistas nacionais e internacionais, produziu velas para lojas de grife, enfim, me senti no Jardim de Infância das velas artesanais. Maria, minha colega de velas e cerâmicas me mostrou quanta coisa posso fazer com a parafina e também com a argila. Percebi o quanto é possível fazer quando nos permitimos pensar “fora da caixa” e dar asas à experimentação. Sem medo de ousar ou errar.
Mas ela e as velas serão tema de um próximo post. Em breve.
Devagar, devagarinho estou chegando lá. As primeiras peças biscoitadas, foram lavadas e deixadas a secar ao sol. O objetivo é abrir os poros da argila e retirar qualquer resquício de poeira que comprometa o processo.
Depois de secas, as peças foram guardadas em sacos plásticos limpos e recolocadas na prateleira. O próximo passo é a esmaltação.
São pratos, bowls, descansa-colheres, luminárias, porta-incensos, potes …
Além destas peças, outras estão indo ao forno para serem biscoitadas (é a queima a 900 graus). Depois da esmaltação, outra queima está agendada.