Na Pinheiro Seco, fazenda de amigos meus,
descobri os mirtilos e as caixas de abelhas. Um adoçando o outro.
Foi o que salvou o passeio de moto para o frescor das montanhas.
As uvas não vão dar. As ovelhas fedem. O lago está cheio de sapos. O campo cheio de bosta de vaca. O barulho – de água correndo – da fonte das carpas vermelhas atrapalhou o silêncio. Sem contar os quacquac e os gluglu dos patos, gansos, galinhas e perus. O mau humor e as notícias de Brumadinho me afundaram no sofá. A fragilidade e o descaso pela vida e o peso da morte me hipnotizaram frente à TV ligada o dia todo. Mal vi as araucárias. Minha coluna entortou e a bateria da moto arriou.
Devia ter ficado e mergulhado nas ondas.