O que li em janeiro

  1. Claraboia – José Saramago
  2. Consciência à flor da Pele – John Updike
  3. O formigueiro – Ferreira Gullar
  4. Primeiro Caderno do alumno de poesia – Oswald de Andrade
  5. A crise da meia-idade feminina – Sue Shellenbarger
  6. A revolução das plantas – Stefano Mancuso
  7. A consciência de Zeno – Ítalo Svevo

Iniciei 2021, sem querer, com uma releitura. “Claraboia” de José Saramago. 

“Consciência à flor da pele” de John Ukdike foi recomendado em alguma aula de Escrita Criativa, tipo autobiografia de ficção, algo do gênero. Comprei o livro na Estante Virtual, e tirando alguns capítulos entediantes (a carta aos netos com a Árvore Genealógica da família) gostei de saber sobre o autor e a maneira como ele aborda questões familiares e de saúde pessoais. Interessante a narrativa literária que a história de cada um pode render, e sim, fiquei divagando sobre quais momentos meus eu escreveria num formato de auto-ficção, um gênero literário ainda muito atual.

“O Formigueiro” de Ferreira Gullar me surpreendeu pela  criatividade da apresentação de uma única poesia curta, distribuída de forma aleatória, feito um formigueiro. Uma brincadeira interessante. Leitura de 15 minutos. Ideia de arte e poesia. Chamo este estilo de leitura, de livro de respiração. Leve e lindo. De fácil digestão e pouca inquietação.

“O primeiro Caderno do alumno de poesia” de Oswald de Andrade aborda a garatuja poética do escritor. O começo da poesia e ilustrações de Tarsilla do Amaral. Um pouco da história da poesia. Tanto “O Formigueiro” como o “Primeiro caderno do alumno de poesia” são livros de arte pra colocar na mesa de centro ou de apoio da sala principal, pra ler e curtir numa sentada.

Já o livro de Sue Shellenbarger  “A crise da meia-idade feminina” pode ser classificado como livro de autoajuda. Este vai para a lista dos que indico e prescrevo. Li e adorei a perspectiva da autora que tira de cena a relação meia-idade/menopausa X velhice. Renovação e reinvenção de si mesma é o que melhor define a mulher madura. Um texto leve e divertido, tendo a teoria junguiana como lastro. “Shellenbarger delineia seis arquétipos – a Aventureira, a Amante, a Líder, a Artista, a Jardineira e a Buscadora -, que enfrentam a crise da meia-idade de seis maneiras – Explosão Sônica, Moderada, Queima Lenta, Fogo de Palha, Ataque de Fúria e Início Adiado. Contrariando a sabedoria popular, ela afirma que, na meia-idade, as energias vitais de alegria, sexualidade e autodescoberta estão borbulhando dentro das mulheres, de maneira mais poderosa e convincente do que nunca.” (texto da contra-capa).

“A revolução das plantas” de Stefano Mancuso aborda o universo das plantas de forma única: nos apresenta as plantas como seres inteligentes cuja autonomia energética liga-se a uma arquitetura cooperativa, sem centros de comando (cérebro), com capacidade de aprender, se comunicar e memorizar. Enquanto os animais (aí incluídos os humanos) se movimentaram para sobreviver desde os primórdios da humanidade, as plantas optaram por ficar paradas (tipo os Ents do clássico e famoso Senhor dos Anéis); enquanto os animais são rápidos, as plantas são lentas; animais consomem, plantas produzem; animais geram CO2, as plantas fixam CO2 … e assim por diante. Muitas das soluções desenvolvidas pelas plantas são o oposto das criadas pelo mundo animal. Sem dúvida, a leitura faz pensar e refletir. E o universo da flora começa a ser percebido de um jeito novo e impressionante. Além de sacadas geniais, o livro aborda pesquisas a nível espacial e mostra o quão vivas e participativas as plantas podem ser. Engana-se quem pensa que as plantas são meros detalhes paisagísticos e decorativos.

Finalizando o mês “A consciência de Zeno” de Ítalo Svevo. 

15 páginas lidas já é um começo. 

Momento de contemplação

Bom chegar em casa. E casa, para quem ainda não me conhece, é minha casa antiga, encalacrada no interior do RS. 

Depois de 40 dias em Floripa, retornei ontem. Uma passada rápida de 3 horas na casa de minha mãe e depois, o mergulho no meu xangrilá gaúcho. Quem me aguardava era um gato laranja garfinkeliano, postado feito esfinge sobre o portal de entrada da garagem. Não poderia haver melhor recepção. A casa que me acolhe há mais de 25 anos me inunda de paz, boas vibrações e muita energia. Nela encontro minha alma e quem verdadeiramente sou. Meu Santo Graal. É por isso que sempre retorno. Os próximos 7 dias serão de idas e vindas à casa de minha mãe, compras de Natal (reduzidas por conta da COVID19) e de nutrição uterina. Saio renascida daqui para qualquer canto, desencanto ou desafio. 

Há meses que escrevo pouco, mesmo surgindo temas e insights incríveis. Outros compromissos e interesses roubam minha atenção, os assuntos voam com o vento e se perdem nos dias atribulados e desassossegados. Até minhas leituras pontuais se perderam no decorrer do ano. O sono, as preocupações e a desatenção cobraram seu preço. A sutileza literária deixou suas marcas na lista dos livros lidos em 2020. Meu consolo é que li verdadeiros tijolões, livros recomendados da Oficina Literária e muita alta literatura. Pouca poesia, poucos best sellers e nenhum livro de beira da piscina. Minha erudição literária foi uma seriedade só. Tenho de melhorar isso. Pra 2021 tenho algumas ideias de leitura sérias – Proust, Virginia Woolf e Freud – e muito livro leve e muita poesia e muita receita de comida e muito assunto divertido e enxabido.

O ano, de fato, foi de organização, faxina e arrumação. Interna e externa. Exterior e interior. Iniciei pelo ap de Felipe em SP, em janeiro. Veio a exposição dos  “Diálogos do Inconsciente” no CIC, em Florianópolis, também em janeiro. Depois, veio a crise e a COVID19. Em março me mudei de mala e cuia pra fazer um período sabático no RS. Além da psicoterapia individual, usei o trabalho e a criatividade como terapias alternativas.

Tem épocas na vida, em que a gente precisa de um tempo pra reavaliar a jornada, definir ou confirmar os rumos da vida, pra depois seguir em frente, retroceder ou mudar de direção. Fazer arrumações, reciclagem e arte são uma excelente ferramenta para superar crises, deixar a poeira baixar e recomeçar … A vida precisa destas paradas e avaliações. Por isso, me embrenhei na casa de Lajeado, na casa de minha mãe em Colinas, no jardim da casa dela. E agora, pra finalizar, a casa de Floripa. 

Tenho de admitir que estou exausta de combater cupins, mofos e móveis ressecados e descoloridos; restaurar e sucatear móveis, lavar lustres, tapetes, cortinas, colchas e almofadas; selecionar louças, panelas e todo arsenal doméstico embutidos numa casa. Meus artelhos e unhas não suportam mais a química que desentoca a sujeira impregnada; minhas pernas andam bambas e desanimadas dos “steps” forçados pelo sobe-desce de escadas e escadarias. Cheguei à conclusão que para uma boa dona de casa sou uma excelente psicóloga. Desencavo até parafuso, ferrugem ou ponto de mofo. A ideia, tanto na psicologia como na arrumação das casas é livrar-se de tudo que não mais agrega nem faz bem. 

Recentemente baixei toda minha biblioteca e revisei um por um, cada livro, em busca de poeira, traças e mofos – aproveitei e reli lombadas e contra-capas, e céus, se somar todos os livros não lidos que redescobri nas prateleiras, posso ficar sem comprar pelos próximos 10 anos. Aproveitei também e fiz uma contagem parcial, depois de ler que Susan Sontag vendeu sua biblioteca de 20 000 livros por 1 milhão de dólares. Faltando alguns nichos e prateleiras, cheguei a 780 livros. Devo me aproximar dos 1 000 livros. Pelos meus cálculos, sou a feliz proprietária de 50 mil dólares em livros. Óbvio que em terras tupiniquins, ninguém pagaria uma soma exorbitante destas. Pouco importa. Meus livros são companheiros, amigos para todas as horas. E estes, definitivamente não tem preço.

Lá fora agora, ouço o barulho irritante do cortador de grama e do podador das unhas de gato que recobrem os muros da casa. Coincidiu também da PML fazer a limpeza das ruas para o Natal. O barulho é infernal. Mal ouço o CD de Rimsky – Korsakov que toca no aparelho de som. Quem me acalma são os incensos de Alecrim que me cercam. E sei, reconheço e quero que o jardim tenha seus cuidados: gramas desinçadas e aparadas, galhos podados, plantas tratadas. O verão com o sol escaldante, temperaturas exorbitantes e chuvas torrenciais (assim espero) acenam para os próximos dois meses. 

Enquanto isso, olho à minha volta. 

Muito ainda por fazer e providenciar. Devo ter comentado, senão, comento agora: Tenho trazido para meu Xangrilá móveis e utensílios antigos, gastos e estropiados. A ideia é comprar o mínimo de coisas novas e reciclar, reavivar a história de toda a vida que faz parte deste lugar. Tem coisas para sucatear. O tampo de mosaico aguarda finalização. Algumas telas precisam vir para cá. Aqui é o lugar delas. Também aqui é o meu lugar. Como também é o lugar de muitas novas histórias que estão por vir.

 

 

 

Delícias literárias

Desisti do livro Palmeiras Selvagens de Willian Faulkner. Indicação de Tiago Novaes do curso A preparação do Romance. O livro, o autor ou ambos receberam o Prêmio Nobel em 1950. E não me perguntem porque. Li até a página 191 das 276 existentes. Perdi o fio da meada tantas e tantas vezes, que a desistência e a certeza de nunca mais tomá-lo em mãos ou em pensamento, não justificam o prêmio nem meu tempo perdido. Algo em torno de um mês, entre idas e vindas. O que me consola foi que comprei o livro – de menor valor – num sebo. Como bem disse a colega Mônica, da Casa do Saber/SP, existem livros bons demais para perdermos tempo com livros ruins. Ontem, pela manhã, esgotei todas as chances do Palmeiras Selvagens. Fechei-o para sempre. Acho.

Enquanto isso, na mesa da sala, uma caixa recém entregue pelo correio com a primeira remessa de livros comprados online do ano, me encarava de frente e desavergonhadamente. Rasguei o lacre e desfilei o banquete literário das férias: “A Uruguaia” de Pedro Mairal, “A garota do lago” de Charlie Donlea, “Respiração Artificial” de Ricardo Piglia, “Drácula” de Bram Stoker.

“Vidas provisórias”, romance de Edney Silvestre e “a bruxa não vai para a fogueira neste livro” poesia de amanda lovelace, foram devorados numa fruição literária invejável. O dia rendeu. A leitura deslanchou. Dois livros num dia merece um Prêmio Nobel de leitura.

À minha frente “O talentoso Ripley” de Patricia Highsmith e “Grande sertão: Veredas” de João Guimarães Rosa disputam meu desejo.

Com qual devo me deliciar?

Livros ao léu

Ando lendo livros estranhos.

Alguns bons, outros nem tão bons. Alguns péssimos.

Livros por indicação, outros em promoção.

Livros de todas as verves, feito vermes.

Se vou recomendar, vetar ou excomungar?

A dúvida é: vou reler, doar ou queimar. Esquecer.

A dúvida é cruel.

Vai que é bom. Ruim sou eu ao ler e não entender:

Um útero é do tamanho de um punho;

A verdade é uma caverna nas montanhas negras.

Joguei-os ao léu.

Livros estranhos: bons, nem tão bons, péssimos. Vai saber.

Não vai dar tempo

Toda vez que organizo os livros da biblioteca de casa tenho a sensação de que não vai dar tempo de ler e reler todos os livros distribuídos pelas prateleiras e mesas de casa. Tem livros recomendados e anotados numa lista gigantesca de possibilidades para comprar. Tem livros que ainda nem foram lançados.

E aí me lembro de todos os cursos e coisas que quero fazer e lugares pra conhecer; de vidas que gostaria de experimentar, pessoas pra rever, trabalhos pra concluir. São coisas demais.

Certeza de que não vai dar tempo. Quando chegar a hora, o que tiver de acontecer, o tempo simplesmente deixará acontecer.

Influências Literárias

Quando 2018 começou, dei-me conta de quão poucos posts havia escrito sobre os livros lidos em 2017. Daí surgiu a ideia de relacionar todos os livros lidos (de cabo à rabo) no decorrer do ano que se iniciava. Ler e escrever, foram metas prescritas para o ano. E, como bem afirmou Austin Leon, em seu criativo livro “Roube como um artista – 10 dicas sobre criatividade”: “Assim como você tem uma genealogia familiar, possui também uma genealogia de ideias. Você não pode escolher sua família, mas pode selecionar seus professores e amigos e a música que escuta e os livros que lê e os filmes aos quais quer assistir. Você é de fato um mashup do que escolhe deixar entrar na sua vida. Você é a soma das suas influências.”(p.19)

Sobre as influências literárias do ano, segue a lista abaixo:

  1. A Origem – Dan Brown
  2. A amiga Genial – Elena Ferrante
  3. História do novo sobrenome – Elena Ferrante
  4. História de quem foge e quem fica – Elena Ferrante
  5. História da Menina Perdida – Elena Ferrante
  6. Uma noite na Praia” – Elena Ferrante
  7. A filha perdida” – Elena Ferrante
  8. A mulher que roubou minha vida – Maryan Keyes
  9. Mentes Depressivas – Ana Beatriz Barbosa Silva
  10. Vou chamar a polícia – Irwin Yallon
  11. A química – Stephenie Meyer
  12. O amante japonês – Isabel Allende
  13. Roube como uma artista, 10 dicas sobre criatividade – Austin Kleon
  14. Faça boa Arte – Erros Fantásticos – Neil Gaiman
  15. Loucura – A busca de um pai no insano sistema de Saúde – Pete Earley
  16. A mágica da Arrumação – a arte japonesa de colocar ordem na sua casa e na sua vida – Marie Kondo
  17. Presente do mar – Anne Morrow Lindberg
  18. Minhas Vidas – Shirley MacLaine
  19. Dançando na luz- Shirley MacLaine
  20. O Caminho – Uma jornada do espírito – Shirley MacLaine
  21. Floripa, sua linda – Maria Gabriela Cherem Luft
  22. Ansiedade 3 – Ciúme, o medo da perda acelera a perda – Augusto Cury
  23. Senhora Einstein – a história de amor por trás da Teoria da Relatividade – Marie Benedict
  24. Telegramas 140 X 180 mm – Lucão
  25. Brigitte Bardot – Lágrimas de Combate
  26. Hippie – Paulo Coelho
  27. Cuide dos pais, antes que seja tarde – Fabrício Carpinejar
  28. Um cartão, sentimentos cotidianos – Pedro
  29. A mulher na janela – A.J. Finn
  30. Prisioneiras – Dráuzio Varella
  31. Tempos Extremos – Miriam Leitão
  32. Karen – Ana Teresa Pereira
  33. Não me abandone jamais – Kazuo Ishiguro

E aí desandei.

Há quase 3 meses do final do ano, a pilha dos livros inacabados aumentou; me vejo roçando os dedos pelas lombadas dos mais diversos temas, enveredei por livros para os quais não estava pronta … comecei a estudar e pesquisar temas específicos para o trabalho e posts futuros.

Perdi o foco.

Resolvi fechar todos os livros, e brincar com As Cartas do Caminho Sagrado, de Jamie Sams. Brinco de ler, meditar e relaxar. Um pouco cada dia. E assim, vou descansando dos meus excessos literários do ano.

A pilha dos livros inacabados segue firme e forte.

Passiva/Ativa

E meu blog anda meio muito devagar. Quase parado. Tem dia que as ideias desfilam numa passarela imaginária de contos, crônicas ou poesias. Me encaram fazendo beicinho, acenando temas inéditos, engraçados, inteligentes. Perco o timming quando a estrutura gira e retorna por detrás de véus de tules e organzas, sumindo atrás das cortinas de veludo que separam a plateia do palco e da passarela. Nesse rodopio perco a inspiração. O desfile fecha. E não escrevo. Pelo menos estou agarrada num novo romance. “Ele e eu” está se desenrolando e se desenvolvendo em primeira pessoa. O texto pretende ser divertido e sensual. Leio e releio o texto e corto e recorto tanto o tempo todo, que preciso ler e reler de novo, mais uma vez. Agora o texto está descansando. Precisamos dar um tempo na nossa relação. Os caminhos que se apresentaram, parece, foram trilhados com carroça. Talvez haja um melhor jeito. Quem sabe na próxima semana uma Ferrari se apresente pra trilhar melhor a partir do capítulo 12. Foi onde perdi a direção e a conduão e segui em frente até o capítulo 20. Resolvi então, olhar pra trás. Não sei ao certo se o que vi foi neblina, serração ou um dia nublado e escuro. Era pra ser divertido, focado e sensual. Ficou novelesco, burlesco demais. Nesse meio tempo, li John Katzenbach (E o que vem depois) e “Caixa de Pássaros” de Josh Malerman. Dois thrillers psicológicos de tirar o fôlego e o sono. Como ainda tenho alguns dias pra reatar meu relacionamento com “Ele e eu”, baixei da prateleira “O analista”, também de John Katzenbach. Dele também li “A história de uma louca”. Livros – todos – recomendadíssimos.

Comprando livros: qual livro comprar?

Sinceramente, não tenho resposta para esta questão, aparentemente fácil. Quando menina, fazia parte do Clube do Livro (guardo até hoje alguns exemplares, implorando restauração). Entre comprar uma calça jeans ou um livro, pelo que me lembro, raras vezes era extravagante o suficiente para optar pelo livro – e é por isso que tenho míseros 5 exemplares estropiados. Na época, os livros da biblioteca do colégio de freiras onde eu estudava, me atendiam muito bem. Eram tempos de livros recomendados pela professora de Língua Portuguesa, tipo Dom Casmurro, Escrava Isaura, O Cortiço, etcetcetcetc . Até que um dia, descobri Sidney Sheldon … lá no fundo escuro e não recomendável da biblioteca das freiras.

Depois veio o período da faculdade de Psicologia. Livros técnicos, preços técnicos. Foi a era dos xerox e das apostilas, e, de quando em quando, um ou outro livro, que não comprometesse o apertado orçamento doméstico. Depois de formada e trabalhando na área, montei minha tão sonhada – e possivelmente desatualizada – biblioteca.

Quando comecei a escrever e a me dedicar `a literatura, toda minha folga orçamentária e desejo de leitura migraram para outras vertentes de temas, autores e interesses. No começo comprava livros recomendados por amigos e pela lista dos mais vendidos das revistas Veja e Claudia. Depois vieram os livros recomendados pelos professores e colegas entendidos das Oficinas Literárias que frequentei. Tenho meus “abacaxis” numa prateleira que chamo de “Livros para os quais ainda não estou pronta”. Qualquer indicação, por melhor que seja, é totalmente subjetiva. A possibilidade de unanimidade inexiste. Sem contar o gosto pessoal, o estilo, o momento de vida, e porque não falar, a evolução da própria maturidade literária. Tenho colegas que dizem se negar ler Paulo Coelho. Tenho todos os livros dele, e adoro. Assim como tenho – e adoro – outros livros tidos como literatura medíocre, ou popular, tipo a Saga Crepúsculo, Cinquenta Tons de Cinza, Harry Potter, etcetcetc. Tambem tenho livros de autores consagrados ao longo dos séculos e criticas literárias. Ernest Hemingway é um dos meus favoritos. Mia Couto, também. Tem os russos, que aprendi a amar. Rosamunde Pilcher, Saramago, Irvin Yaloon, e outros tantos. Isabel Allende, Anais Ninn. Tem os novos nomes, elogiados por alguns, vistos pelo rabo do olho por outros. Tem os que gosto mais, os que leio dormindo, os que apenas leio, cada um tem seu momento e seu tempo no meu tempo que também tem seus momentos.

Agora, estou na fase das pechinchas. Livro bom e barato. Autores desconhecidos, baixas tiragens, livros de amigos, livros que não figuram nas listas dos mais vendidos e novidades. Compro o passado literário. Colho outros “abacaxis” que vão para aquela mesma prateleira. Aquela … Um dia estarei pronta para eles. Nem que seja para doa-los para a prateleira de outro alguém.

O que tem me importado neste momento é o simples prazer de ler, aprender palavras novas, fixar a nova ortografia. Descobrir novos jeitos e estilos. Circular pelas possibilidades que qualquer livro oferece. O máximo que pode acontecer é “aquela” prateleira virar duas prateleiras, e alguém ficar muito feliz, num futuro ainda bem distante. Sou sempre generosa com livros e autores. Dou-lhes inúmeras chances de mostrar a que vieram.

Acredito que cada livro tem seu tempo. Assim como o bom vinho. E, nós também.

Onde encontro as maiores pechinchas? No site das Lojas Americanas e nas Livrarias Catarinense. Estipulo o valor máximo que vou gastar por livro e o total geral da compra. Na ultima compra foram seis livros por R$ 84,00. Seleciono pelas orelhas os livros mais interessantes, e me deixo levar.

O que posso dizer deste meu novo método mão de vaca para escolher livros? Minha biblioteca literária tem aumentado exponencialmente, tenho lido textos interessantes (o segredo é dar um ou dois dias entre um livro e outro, algo como se desintoxicar pra se deixar impregnar com outra novidade), alguns ficam Naquela prateleira, esperando seu tempo chegar (e este tempo, sempre chega. Basta ter paciência e perseverança: Proust e Cortázar que o digam). E, de quando em quando, comprar aquele livro que todo mundo está comentando nas redes sociais, revistas e jornais.

Uma coisa interessante na literatura é que você vai descobrindo todo um universo literário rico e diversificado. Quase todo livro indica ou cita outro livro, filme ou artigo. E assim, como num rosário de contas, você vai mergulhando devagarinho nas ideias e mundos de muitas pessoas interessantes, inteligentes e antenadas com a contemporaneidade. O mais importante é ler, exercitar a memoria e a imaginação, incrementar a cultura, as ideias e o vocabulário. Experimente seu jeito. E não se frustre pelos abacaxis que você – ocasionalmente e certamente – for comprar. Guarde-os e espere o momento certo chegar.

Retrospectiva Literária

Quase um ano sem postar sobre os livros que tenho lido. Não saberia relacionar os títulos lidos. Foram muitos, de variados estilos e gêneros literários e escritores diversos. Adoro os romances. Jane Austen, Paulo Coelho, Virgínia Woolf, Maryan Keyes, os russos, entre tantos outros. As histórias longas continuam sendo minhas favoritas. São verdadeiros estudos de casos psicológicos e sociais. Os poemas e as crônicas até tem seu espaço na minha biblioteca. Tem dia que adoro. Tem dia que não suporto: bato a capa no livro e jogo na prateleira pra ler mais adiante. Mário Quintana é quem sempre me acalma. Li a biografia da Maitê Proença, sem querer, dias atrás: “Uma História Inventada”, que comprei no site das Lojas Americanas por R$3,80. “Quase Tudo” de Danuza Leão me empolgou mais. Madonna me espera para outro momento, Hittler também. Conto é meu gênero literário pouco conhecido e querido. Leio pouco porque parece que não gosto. É meio “fast” pro meu gosto. Ainda assim, Mia Couto e Luis Fernando Veríssimo sempre me capturam. São contos sem cara de conto. Mia é profundo com seu português poético, quase profético. Luiz Fernando é leve e divertido. Leio e nem noto que são contos. Já Clarice Lispector e Lygia Fagundes Teles aguardam impacientes junto com Machado de Assis e “Os cem melhores contos do século”. O que tenho feito e adorado são as maratonas literárias. Foi assim que li os russos, Dostoiévski, Tostói, Leskov e Tchekhov. Agora estou na maratona Jane Austen. “Orgulho e Preconceito” e “Persuasão” me encantaram. Na cabeceira está “A abadia de Northanger” e na mala vai “Razão e Sentimento”. Todos livros pocket, perfeitos pra viagem. No meu retorno, a maratona será com Virgínia Woolf. Uma promessa antiga. Virgínia tem um estilo difícil, mas os livros estão me intimando da prateleira. Às vezes, intercalo um ou outro texto durante a maratona. Penso que este é um jeito de assimilar melhor o estilo dos grandes nomes da literatura mundial. Das releituras que fiz, recomendo: “Olga” de Fernando Morais e “O xangô de Baker Street” de Jô Soares.

O que eu tenho lido

Em meio a tantas mudanças, a leitura tem sido companheira e confidente e – como cada livro tem seu momento, sua função e seu leitor – desencantei os russos. “A morte de Ivan Ilitch” e “Felicidade Conjugal” de Lev Tolstói; “Noites Brancas” e “Memórias do Subsolo” de Fiódor Dostoiévski ficaram na primeira fila. Khaled Hosseini e seu emocionante “A cidade do Sol” acompanharam o coro, e porque não falar de “O Beijinho e outros crimes delicados” – um saboroso livro de contos – do querido Santana Filho.

Todos, literatura de primeira.

Também li “Los Angeles” de Marian Keyes, o oitavo livro da escritora – e sempre uma ótima pedida para relaxar. Já o livro “Jane Austen, A vampira” de Michael Thomas Ford, comprado pela internet, decepcionou: a trama é ótima, mas faltou profundidade e um enredo melhor costurado. Pensei na escritora chilena Francisca Solar que escreveu sua própria versão final para Harry Potter, fez sucesso na internet e está lançando sua própria Trilogia. A trama proposta por Ford – escritores famosos de séculos passados, vivendo no universo literário atual – poderia render um excelente texto. Quem sabe,  uma versão própria, uma ideia para mais adiante!

Sou daquelas

“… que mastiga e palita livros: risca, rabisca, dobra, amassa, marca, sublinha, páginas e linhas. Daquelas que acarinha o livro da capa à contracapa. Nada passa desapercebido. E é por isso que não empresto livros. Perderia um amigo ou o prazer de dissolver-me na leitura. O zelo e a vigilância me desensinariam a ler.”

O que eu li – e vou ler – por estes dias

De tudo um pouco. Mas, dediquei a semana para ler e concluir livros de amigos. “Intrigas da Colônia” da minha conterrânea Laura Peixoto é uma leitura leve e rápida, carregada com o jeitão alemão de ser. Além das expressões usuais (Warum?, Alles gut?, nein, Was?, Mutti, Mein Gott, gut, etcetcetcetc) vivências e preocupações de uma vila germânica fictícia. Fictícia? Acho que não. É tudo muito real. Surreal, melhor dizendo. Já que as coisas são assim mesmo nestas colônias. O pequeníssimo livro dos “Contos Mínimos” da colega Jan Bittencourt & colegas foi uma agradável surpresa. Como autografou a escritora, eu leria num tapa. E, assim foi. Da colega Francine B. me identifiquei com o conto “Inventava” (Tinha a memória péssima. Mas a imaginação fértil.) Da Jan adorei o mini conto “Bastardo” (Tentaram um irmão pra filha única. No fim, foi a puta que o pariu.) De Laura Caselli, “Separação Litigiosa” (O filho do meio quis ficar com a empregada) e do Thiago Romaro o mini conto “Coca/Cola”( Droga de rico/Droga de Pobre). São contos? Sim. Tamanho Mini. O romance de 162 páginas “Versão Beta” da Jan foi bem o que eu esperava da minha colega. Um texto rápido, focado, conciso e muito criativo. Alberta, Beta, Al. A relação Autora X Personagem ganha ares de ficção e metalinguagem, com uma pitada de psicopatologia esquizofrênica de dupla personalidade. Pensei em quão real é esta dicotomia no mundo literário e artístico.

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Fiquei tão animada com as leituras que decidi comprar e pedir autógrafos de outros livros de amigos e colegas: “Boi sem Asas” de Nina Maniçoba Ferraz , “Assim você me mata”, uma coletânea de contos, um do meu amigo José Santana e o “Talvez não tenha criança no céu”, do colega Davi Boa Ventura. Além destas leituras programadas, já baixei meu “Os Segredos de Serena” para uma releitura e, quem sabe, uma revisão. Tão bom ler gente como a gente!!!!!

Leituras

A meu lado estão “A vida como ela é … em 100 inéditos” de Nelson Rodrigues, “A disciplina do amor” de Lygia Fagundes Telles (uma releitura) e “Uma confraria de tolos” de John Kennedy Toole. Três estilos e ritmos diferentes. Estou aprendendo a ler vários livros ao mesmo tempo. Próximo passo – uma dúvida – é aprender a abandonar livros de que não gosto. Por enquanto, conciliar um bom e um ruim resolve meu problema e chego ao “The End” sem grandes frustrações. Por mais que concorde com uma amiga que diz não ter tempo pra desperdiçar com livros ruins, sou daquele tipo que sempre dou uma chance ao autor: quem sabe na página seguinte … quem sabe no próximo capítulo … e assim, termino todos livros que começo a ler. Reli, semana passada, o livro “A vida íntima de Pippa Lee” de Rebecca Miller, após assistir o filme. Acho que foi a primeira vez que o filme me fez entender o livro, e por isso, fui relê-lo.

 

Tenho vários nesta categoria de lidos, precisando ser relidos. Nem sempre estamos preparados para o livro que cai em nossas mãos. Por isso, acabei de baixar da estante “A metamorfose”de Franz Kafka. Uma releitura urgente. Outros lidos e não comentados: os infanto-juvenis “Marina” de Carlos Ruiz Zafón, as versões resumidas de “Moby Dick” de Herman Melville e “Robinson Crusoé” de Daniel Defoe.

O livro de poesias de Heitor Ferraz Mello “Um a menos” me fez repensar a poesia. Uma indicação fenomenal é o romance “Minha querida Sputnik” de Haruki Murakami. Por fim,  um texto teórico “Como funciona a ficção” de James Wood. A safra de dois meses.

Ando rodeada de livros, lendo muito, escrevendo pouco. Ossos do ofício.