Encontrei meu sumido Logan

Quem diria! Passados mais de 4 anos, descubro que meu sumido Logan, meu Lolinho, continua vivo. Acabei de vê-lo, na escuridão da noite, zanzando na calçada da casa do vizinho. Assobiei baixinho – afinal, eram 5 horas da manhã – ele olhou, assobiei de novo, ele olhou de novo, e seguiu em frente. Era ele, certeza absoluta. Tempos atrás, depois de um churrasco à beira da piscina, um gato desfilou despreocupadamente a menos de 3 metros de mim. Assim que o vi, olhamo-nos e o chamei pelo nome. Logan! Logan, é você? A emoção do momento, a crença e a aceitação da sua morte, a incerteza quanto à pelagem, me fizeram ter dúvidas quanto aquele gato errante nos fundos de casa. E assim como veio, ele se foi. Nem trinta pra mim. Fiquei eufórica e histérica ao mesmo tempo. Meu marido – com medo de que teríamos novamente um gato em casa – desacreditou e disse que era apenas um pulguento qualquer. Mesmo assim, fiquei atenta. Mas, ele sumiu de vez, de novo. Passados meses, senão anos, conversando com a vizinha Marieta, ela falou do gato preto e branco que rondava o bairro e ia muito na minha casa. É aquele seu gato sumido, lembra? O Logan? Ele mesmo. Tem certeza? Absoluta, me garantiu ela. Contou da vez em que o cachorrinho dela foi até o portão da nossa casa e, querendo mostrar o cachorro que era, levou o maior corridão do gato. E o gato que ela via perambulando pelas noites, era o mesmo gato. Ou seja, o meu Lolinho. Um sobrevivente. Alguém cuida dele? Não que eu saiba. Ele vive pelos bueiros e terrenos baldios. O que ele come? Deve caçar ratos, tem muitos ratos aqui no bairro. E passarinhos – acrescento – com toda certeza. Ele era um caçador implacável, a característica que meu marido mais gostava no meu pulguento. Sem contar nos restos de comida que ele encontra nos lixos. Decido aproveitar a insônia da noite e ficar em vigília. E assim, vejo o gato preto e branco, meu Lolinho, desfilando lépido e faceiro, nas imediações de casa. E agora? O que faço com esta certeza? Óbvio que no primeiro momento, pensei no meu direito de posse: ele é meu, ele tem casa, amor, comida. Ele precisa voltar. Precisa ser capturado. Precisa voltar a ser meu. Ele está meio que selvagem, comentou Marieta, alegando que ele não chega perto e está arrisco a qualquer contato. Ele tem medo. Quando Logan sumiu, deixou um rastro de sangue na lavanderia de casa. Passei 15 dias procurando pelo bairro, chamando feito louca, mobilizando a comunidade, Logan foi capa de jornal, conheci trocentos gatos perdidos que podiam ser ele, mas não eram. Instintivamente sentia que ele estava vivo, em choque, escondido em algum lugar. O tempo passou e nenhum sinal dele. Acabei desistindo e mergulhei na culpa. Não quis brigar com minha assistente, a responsável por ele na minha ausência. Aceitei a perda. Segui em frente. Adotei a Nina. Perdi a Nina também. Envenenada. Quase dois anos se passaram depois da morte da Nina. Três, do sumiço do Logan. A dor sarou. O momento de adotar um novo bichano chegou. E, o Lolinho reaparece. De todas as histórias que ouvi na época a mais verdadeira é a de que os gatos sempre voltam pra casa. Não importa o longe que estão, eles encontram o caminho de volta. Certamente, ele encontrou sua casa e voltou. Queria tanto ter estado aqui quando ele nos reencontrou. Ninguém estava. Abandonado à própria sorte, Logan voltou a ser o que sempre foi: um sobrevivente.

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A dor da perda

21/4/2011 23h37m – Geral
Mistério felino: Onde está Logan?

Lajeado – O nome dele era Logan. Feroz, cara de mau, garras em prontidão, desconfiado. Enfim, a descrição perfeita de um gato arisco, encontrado abandonado. A psicóloga que entende de gente e adora escrever fez questão de levá-lo para casa. Foi o seu presente de Natal do ano passado, e apesar de tê-lo achado na rua, foi seu presente valoroso. Após se afeiçoar e passar muitos momentos com o bichano preto e branco, eis que o destino lhe reserva a maior surpresa. Há três semanas, o bicho de estimação de Suzete Herrmann sumiu. A psicóloga colocou anúncio no jornal e se vê diante de inquietações mil: onde está Logan? A maior agonia é por não saber o que aconteceu com ele. Suzete, que sabe tudo de ritos de passagem e de como o ser humano lida com eles, não consegue passar pelo seu, porque não houve um ponto final entre ela e animal parceiro.
Logan, que virou Lolinho com a convivência, não tem mais o chamego da dona. “Eu nem ao menos sei se ele morreu.” Na noite anterior ao sumiço havia indícios de que Logan teria brigado com um gato forasteiro. Mas são apenas suposições da psicóloga que descreve seu bicho como caseiro e receoso. “Ele mal cruzava a rua, era muito medroso.”
Suzete acaba de estabelecer um consultório em São Paulo e divide-se entre Lajeado e a capital paulista. O gato ficava aqui, fazendo a maior festa ao avistá-la. Suzete chegou a dedicar uma crônica ao bichano no seu blog – “Logan: companheiro de uma história ainda sem fim”.
A família de Suzete é apegada aos bichos. Mania de família tratar os animais como merecem ser tratados. E até com deferência. Se Logan fosse velho o suficiente para morrer de morte natural, ele seria enterrado no cemitério particular em Colinas. A mãe de Suzete, Lires Brentano, há anos destinou um espaço especial aos animais. No cemitério estão enterrados os bichos de estimação da família: gatos, cachorros e até um hamster.

Amor incondicional
Suzete entende de gente. E compreende que os bichos aceitam a gente como a gente é. Então, a rigor, oferecem companhia e amor sem as exigências dos seres humanos. Aceitam os tutores sem os julgamentos que os tutores fazem de outras pessoas. É por isso que homens e animais criam vínculos fortes, saudáveis e duradouros. Porque os últimos dão incondicionalmente. “Vivemos em uma sociedade em que não somos magros o suficiente, nem inteligentes demais, nem bonitos demais. Mas o animal é teu amigo e não espera nada de ti. Te aceita feia, bonita, triste ou braba.”
Segundo Suzete, para a criança o animal faz a função do amigo imaginário. “Além de ser uma companhia, um amigo, tem a função de preparar para a responsabilidade. Por isso é importante que os pais deleguem aos filhos a função de dar comida e levar o bichinho para passear.” Com o animal, a criança aprende a se relacionar, a trabalhar valores como amor e compaixão, e administrar o egoísmo.

“Após um período em que cada um o chamava como queria, o nome Logan caiu como uma luva. Lembram? Logan, Volverine, garras retráteis de adamantium, X Man? Era a cara dele. Feroz, cara de mau, garras em prontidão, desconfiado. Enfim, o nome perfeito.”
(Suzete Her-rmann, psicóloga, adotou Logan, o gatinho que sumiu)

Andréia Rabaiolli
andreia@informativo.com.br

Esta foi a matéria que saiu no Jornal Informativo sobre o desaparecimento do meu Lolinho. Era para ser uma simples notinha, mas saiu meia página do jornal.( Meu marido quis saber se vou reservar o jornal inteiro para ele, caso ele desapareça. Quem sabe!!!!!) Recebi a notícia em Sampa e fiquei muito triste, imaginando o que aconteceu com meu mimoso. Chegando ao sul recorri a tudo para localizá-lo: procura por terrenos baldios e obras, conversa com os vizinhos, contato com entidades protetoras de animais, classificados, matéria no jornal. Fiquei surpresa com a quantidade de histórias sobre gatos que somem. E porque isto acontece: para morrer longe do dono, para buscar um novo lar, estão em choque ou perdidos. Alguns simplesmente somem por meses e de repente reaparecem. PLIN, como que por encanto ou milagre.
Sinceramente, não sei o que pensar. Meu bom senso diz que ele morreu. Minha intuição diz que ele está vivo e que vai voltar. Assim, num PLIN.
Só o tempo dirá. Por enquanto só posso ficar aguardando. Já fui ver vários gatos resgatados, mas nenhum era meu Lolinho. Incrível como um gato vira-lata preto e branco, modelito popular, é único e singular. Basta apenas um olhar.
Agradeço aos amigos, conhecidos e até desconhecidos que me escreveram e foram solidários relatando seus amores, dores e histórias envolvendo seu relacionamento com animais de estimação.
Ainda dói não saber onde meu Lolinho está. Quem sabe qualquer dia destes: PLIN. E ele voltará a espreitar e caçar passarinhos desavisados, dormirá preguiçosamente pelos sofás da casa e me esperará resmungão e mal humorado, e ambos faremos a maior festa por nos reencontrar. E viveremos felizes para sempre.
PLIN. PLIN. PLIN. PLIN. PLIN.