Lava Jato – algumas considerações

Do olho do furacão, vejo pela primeira vez, nesgas nebulosas, porém intensas, de esperança e mudança em nosso país. A Lava Jato chegou onde nenhuma outra investigação chegou. Chegou em Lula, que desesperado, incita seus companheiros oportunistas/fanáticos/ignorantes a partir pra guerra, a fim de defendê-lo. Defendê-lo de que? Se ele nada deve, nada deve temer. Porque este teatro todo? Porque ele, um homem do povo, sente-se tão ofendido por ser intimado – via condução coercitiva – quando mais de 100 outros homens do povo – entre executivos, presidentes de empresas, trabalhadores – também o foram? Como engolir o performático choro de Lula ao lado do risinho cínico de Rui Falcão? Imagino que Lula acredita – delirantemente – ser um semideus intocável e inquebrantável. Alguém deveria avisá-lo, que ele nada mais é do que um reles mortal, sujeito à constituição e às leis de seu país, como qualquer outro brasileiro. Ser ex-presidente não o exime de respeitar valores e princípios morais da sociedade em que vive. Pelo contrário, deveria ser ele, caso fosse homem íntegro e correto, servir de exemplo à nossa população carente que ele tanto enganou. Belo exemplo!!!! Mas, pelo visto, a máscara do homem mais honesto do Brasil começa a cair desavergonhadamente e seu discurso vazio e mentiroso, começa a desintegrar-se quase que instantaneamente. A verdade é poderosa demais para que sua megalomania resista por muito tempo. Imagino, que ao final de todo este processo – que ele, febrilmente, mandou enfiar no cu – restará apenas cacos de uma fábula (ou conto de terror) do que um dia foi um proletário tornar-se presidente de uma República. Lula faz por merecer o papel que a história lhe impingirá. A Justiça e o País tem ainda um longo caminho a percorrer, mas vislumbro a retomada do crescimento, um Brasil melhor, mais justo, mais digno, mais humano e correto. Nosso povo merece este futuro.

foto da internet
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Sou esposa de ex-executivo de duas das empresas denunciadas pela Lava Jato, mãe de uma filha que trocou o Brasil pela Austrália e de um filho – engenheiro como o pai – que começa a traçar planos e girar o globo em busca de um destino e um novo futuro, tenho algumas considerações a fazer. As empresas de Engenharia Pesada nacionais, estão paralisadas. Pra não dizer quebradas. Possivelmente 95% dos meus conhecidos – que labutavam noite e dia – em grandes obras de infraestrutura, estão desempregados. As obras estão paradas. Os contratos não existem mais. Possivelmente, estas empresas terão de aprender a funcionar sem a dita propina. Assim como elas, toda uma rede de fornecedores e profissionais passarão por uma readequação. Muitas destas empresas, possivelmente irão desaparecer. Fechar as portas. Um ciclo se fecha, outro deve surgir. Para quem não sabe, o Brasil forma engenheiros de primeiro escalão. Os mais jovens e melhores devem emigrar. A violência urbana tornou-se uma guerra urbana. O mercado financeiro está parado, esperando pelo que virá. Os bancos privados também. Porque os bancos públicos jájá serão engolidos pelo furacão. Eles também tiveram seu papel e sua importância ao projetos do PT. Com a economia parada, o desemprego assusta e cresce. A recessão joga o país na lona, tripudiado pelos mandos e desmandos de um governo perverso, que só quer se manter no poder, indiferente aos sonhos de um povo alegre e sorridente, cada dia mais incrédulo com o que fizeram com seu país, sua pátria mais que amada. O que esperar do futuro?

Depois da tempestade vem a bonança, certo? Espero que sim.

Espero principalmente que nosso povo aprenda a votar. Tá mais do que na hora de expulsarmos políticos corruptos e ladrões de qualquer cargo ou função, em qualquer biboca do país. Precisamos exterminar este câncer que flagela nosso povo, paralisa e empobrece nosso Brasil. Precisamos retomar princípios e valores e enterrar de vez, a famosa Lei de Gerson. Não podemos permitir qualquer espaço para a pequenez deste princípio. Uma reforma política será necessária? Não tenho a menor dúvida quanto a isso. Político corrupto deve ser banido da Política Nacional. Oito anos inelegíveis é NADA pra falta de caráter e moral. Questiono questões de regeneração. Personalidade e caráter são estruturais. Não dizem que é de pequeno que se desentorta o pepino?

Pra finalizar, algumas perguntas que não querem calar:

Como Lula, um homem que recebeu quantias exorbitantes em dinheiro das empreiteiras investigadas na Lava Jato (falta pouco pra provar o que muitos já sabiam), recebeu fortuna por palestras que ninguém ouviu, vive de aluguel, frequenta imóveis – que não são seus – como se fossem seus? No mínimo, um sujeito muito enrolado, pra não afirmar, o óbvio. Quem não tem seus imóveis em seu nome, está escondendo algo, ou algo de ilegal acontece com seus imóveis, certo? Como Marisa, sua esposa, consentiu em sair do Palácio da Alvorada, sem ter Sua casa, Sua vida? Toda mulher quer um teto pra chamar de seu. Não conheço viv’alma que goste de viver de favores de amigos e parentes. Cada um quer ser dono do seu quadrado. Dá pra imaginar, um ex-presidente vivendo de aluguel, ganhando o que ele ganha, por ser “O Cara”? Não, não dá.

Tem muita verdade querendo ser encontrada.

foto da internet
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Precisamos cuidar de Sérgio Moro

À medida que avançam as investigações do Lava Jato – empresas multadas e executivos punidos – fico esperando aparecerem os tais nomes dos políticos envolvidos no esquema. Da base à ponta da pirâmide. Imagino que é o que todos queremos. Mesmo que neguem, e como negam, pelo menos, o nome dos partidos políticos beneficiados, já foi citado. Pra variar, nenhum deles sabe, viu, nem desconfia de nada. Anjinhos na crosta de tiranossauros. Uns tremendos Senhores Caras de Pau.

Lula, desde sempre, diz que não viu, não sabe, nem desconfia de nada – alguém realmente acredita na santa inocência do nosso humilde operário ex-presidente? A partir dele, a ignorância ganhou status e novos ares quanto aos fatos. Não saber passou a ser a melhor defesa. Instalou-se a política da irresponsabilidade, da falta de caráter e inverdade. A quem possa interessar, a lição foi aprendida no ato e de imediato. Nada de exemplo de valores morais e princípios éticos.

Como não admirar a integridade, os princípios e valores do lendário presidente norte-americano Abraham Lincoln. E por que não citar a hombridade de FHC? Velhos tempos. Velhos valores? Nem pensar: seria a implosão da civilidade humana.

Nossa presidenta – diz estar apurando a corrupção “como nunca antes na história deste país”– céus, o que o governo PT fez nestes 12 anos de governo, além de criar bolsas, bolsas e mais bolsas? Ah sim, cotas, cotas e mais cotas. Deduz-se pelas palavras da presidenta, que os corruptos do governo FHC hibernaram e entraram num período sabático de bom comportamento. E só agora – depois de 12 anos de governo petista – estão sendo identificados nas catacumbas. Pois bem, nossa presidenta, que é como ela gosta de ser chamada, nem sempre segue à risca a lição de seu predecessor. Nada de embaixatriz da boa vontade ou de fazer merchandising internacional. Dilma não precisa ser aprovada pelo resto do mundo. Ela se basta ao ser uma ex-torturada da ditadura militar a quem todo e qualquer benefício ou privilégio é devido. O poder da governança lhe dá ares de arrogância a ponto de estremecer as relações diplomáticas com o pacífico governo indonésio. Nosso governo/diplomacia brasileira está ressentida com o estrondoso “NÃO” imposto pela Indonésia. Apesar dos pesares, concordo com a postura aquele pequeno país asiático, mesmo sofrendo a dor destas mães e famílias brasileiras. Se a pena de morte foi o meio encontrado pela Indonésia para manter a ordem entre seus habitantes, devemos respeitar a soberania de suas leis. Poderíamos aprender com os indonésios! Mas, como o Brasil é o Brasil, a droga é apenas mais uma das mazelas do nosso dia a dia. Somam-se à ela a violência, a miséria, o desemprego, a prostituição, a corrupção …

Nos tornamos uma terra sem lei e sem limites. Onde os mandantes maiores não vêem nada. Não sabem de nada. Onde a verdade tornou-se raridade. Onde os escândalos e as denúncias se multiplicam exponencialmente, se empilham, desmoronam e somem nos ralos da impunidade e da sem-vergonhice generalizada. A lista do que escorre nesta podridão é enorme.

Já perdi o fio da meada faz tempo. O que fazer se cada dia surgem novas pontas?

Aí surge um homem disposto a correr riscos pra fazer prevalecer a verdade, disposto a moralizar um pais chacinado por mentiras e desenganos. Alguém disposto a dizer NÃO à impunidade e aos conchavos políticos. NÃO à falta de limites. Depois do assassinato do promotor federal argentino Alberto Nisman, da morte suspeita daquele prefeito venezuelano, pensei nos riscos que corre o nosso juiz Sérgio Moro. Alguém duvida desta possibilidade? E queima de arquivo? Sinceramente, enquanto os executivos das empreiteiras estiverem presos, sob a proteção da Polícia Federal, não estarão eles mais seguros?

Estaria eu lendo romances e filmes policiais demais?

O que tem me deixado aflita é o futuro da Operação Lava Jato. Chegou a vez da classe política ser investigada, processada, criminalizada. Doa a quem doer. Os executivos e as empresas já estão amargando multas e punições. A cadeia. A classe política, ainda não. Estão esperando o quê?

Uma nova receita de pizza?

Operação Lava Jato

Como todo mundo, tenho acompanhado os desdobramentos da Operação Lava Jato. Talvez a maior diferença seja o fato de conhecer alguns dos executivos presos e suas famílias, bem como, algumas empreiteiras do esquema. Quem ouve ou lê as notícias fica indignado com a postura dos executivos e empreiteiras. Quando foi comentado que era assim que se fazia obra no Brasil, todos ficaram revoltados e caíram de pau no advogado que disse a mais horrenda verdade. É assim que se faz obra pública no Brasil??? Obras de Infra-Estrutura, pontes, estradas, hidrelétricas, portos, aeroportos, etcetcetcetc? O que sei é que a verdade é sim, horrenda. Não conheço nenhum meandro, esquema, nome ou sobrenome, cifras e porcentagens. Apenas convivi e ouvi comentários feitos por engenheiros e executivos das ditas empreiteiras do Grupo da Propina. O que sempre esteve presente nas conversas com esposas e famílias era o número de funcionários, a necessidade de contratos para evitar demissões, os desafios de engenharia, as metas a serem alcançadas. E tem assunto – sei disso – que não se fala ao vento, nem em reunião social, nem com a esposa e filhos, nem com a  namorada.

Quando penso nos amigos/conhecidos presos, penso nos filhos que vi crescer. Penso nas esposas que, assim como eu, acompanharam o marido e se embrenharam em matos e selvas de pedra, abandonaram famílias e projetos próprios. Assim como eu, elas investiram nas próprias famílias e casamentos. Investiram na carreira do marido, enquanto criavam os filhos e faziam o pé de meia. Cada uma teve sua parcela de contribuição e sacrifício, e viu o marido ascender profissionalmente, por mérito ou competência, sorte ou relacionamentos políticos próprios, e, cada um, chegou onde chegou: presidentes ou vices, diretores, superintendentes, muitos chegaram ao topo. Outros sucumbiram, desistiram ou seguiram caminhos alternativos: a pressão por resultados, o ritmo alucinante de turnos alternados, 24 horas por dia, 7 dias por semana, as greves, as invasões pelos Atingidos por Barragens, os MSTs da vida … A vida em obra não é fácil, nem para o profissional, nem para sua família. A obra absorve e suga a todos. Rapidamente, nós mulheres, percebemos que acompanhar o marido, não significa que ele estará por perto quando mais precisarmos. Provavelmente ele estará percorrendo o canteiro de obras nas tardes de sábado e manhãs de domingo, e quando a escola requerer a presenças dos pais, ele certamente estará envolvido em alguma reunião de final de turno ou de resultados, ou preso ao telefone, atendendo fornecedores ou superiores. Rapidamente nos tornamos independentes e autossuficientes. Caso contrário, o casamento ou a carreira acabam. Muitas vezes ouvi que a maior riqueza das empreiteiras é seu material humano: profissionais de gabarito e de carreira, nos mais diversos níveis e competências, que suam sangue por seus projetos e funcionários.  Por suas empresas.

Hoje, estas famílias – esposas, filhos e, porque não dizer, os próprios profissionais  – ficam embasbacados com as notícias estarrecedoras que escutam e lêem envolvendo amigos/conhecidos e a firma que aprenderam a amar. Eles sangraram para o bem comum de toda uma sociedade, ergueram obras que facilitarão a vida e alavancarão o crescimento do país, trabalharam por um salário suado e digno no final do mês. Muitos estão ressentidos, trocaram o orgulho pela vergonha. Sabiam que existiam conchavos e acertos, que a política cobrava um preço pelo progresso e pelo emprego. Sempre houve. Certamente, não imaginavam os números que faziam o sistema funcionar.

Para os profissionais que chegaram ao topo, e tiveram o azar de estar envolvidos com obras públicas, acredito que tenha chegado a hora de dar um basta neste sistema perverso e corrupto e dar nomes aos políticos envolvidos. Estavam errados? Estavam. Acredito que a sociedade deve sim, punir o sistema. Não apenas os executivos e empreiteiras que faziam a roda girar. Mas também quem aprimorou e aperfeiçoou a roda em benefício próprio. Está mais do que na hora de fazer a coisa certa.