E pensar que tudo começou quando li que Susan Sontag vendeu sua biblioteca com 20 mil livros por 1 milhão de dólares. Depois soube que a biblioteca de Alberto Manguel tinha 35 mil livros. Soube de outros escritores e colecionadores de livros que tinham entre 3 e 5 mil livros em suas bibliotecas paticulares.
Fiquei curiosa.
Quantos livros tem na minha biblioteca?
Não contabilizei nem revistas, livros infantis (deveria, pois aí estão Moby Dick, O diário de Anne Frank, Robinson Crosué, O mundo de Sofia, entre tantos outros clássicos) e os livros técnicos de engenharia do meu marido.
Depois do faxinão anual que costumo fazer, tirando a poeira, limpando com pano úmido e depois seco e depois deixando respirar ao sol, decidi contar a quantidade de livros que amealhei ao longo da minha vida: são livros técnicos de Psicologia (uma biblioteca bem sortida, fruto da formação e 3 especializações. Polpuda, e certamente, desatualizada), livros de culinária, as obras de Freud, livros de viagens, literatura nacional e internacional, livros de poesia, contos e crônicas, entre tantos outros, escritos por amigos, presentes, livros bons, lidos e não lidos. Lembrei de vários livros emprestados e perdidos na vida.
Contei 1.200 livros aproximadamente. Destes devo ter lido mais da metade. Certamente.
Sei do trabalho que foi, é e continuará sendo, organizá-los e deixá-los saudáveis (livres de poeira, umidade, bolor, cupins e traças). Fico imaginando o estado destas bibliotecas com milhares de exemplares!!!!Quem e como cuidam delas? Uma missão colossal.
Quando infartei, no começo de 2022, à medida que ia me recuperando pensei no destino da minha biblioteca, caso tivesse partido. Segundo Miguel Sanches Neto, escritor paranaense, em seu livro “Herdando uma biblioteca”, recentemente relido, o pior inimigo de uma biblioteca são os herdeiros.
Meus filhos.
Chamei-os para uma conversa séria e ambos concordaram em não vendê-la a um sebo. O combinado é que ela seja doada para a biblioteca pública da cidade onde nasci e cresci.
Minha preocupação agora tem sido o destino das telas “à la Pollock” que revestem as paredes de minha casa. São dezenas de momentos e emoções únicas. Não que eu pretenda partir em breve, mas, o que será delas, quando eu partir? Meu ímpeto artístico e literário tem balançado com as possibilidades de destinação daquilo que me é tão precioso.
Imagino que não esteja só nesta apreensão
Por ora, continuo incrementando minha ainda biblioteca. Amo os livros, sua companhia, a diversão, o conhecimento e as viagens literárias que cada um me proporciona.
Se hoje não empresto nenhum livro à ninguém, no futuro, meus livros serão de todos.

