Já estava atendendo individual online, há pelo menos um ano, quando um casal de brasileiros, morando em Londres/Inglaterra entrou em contato para fazermos sessão de casal online. Eles haviam acabado de retornar à capital inglesa depois de passarem um mês na casa de familiares aqui em Jurerê. Haviam me encontrado pelo Google e decidiram entrar em contato quando estivessem prontos para iniciar um trabalho terapêutico.
Num primeiro momento, fiquei apreensiva. Nunca havia atendido casal no formato online. Mas, como o casal estava em Londres e eu no Brasil, era a única forma possível. Marcamos a sessão. A duração da psicoterapia foi breve, com reencaminhamentos para atendimentos individuais de cada um dos membros do casal. O mesmo, teria acontecido se o atendimento fosse presencial. A psicodinâmica do casal exigia que cada um tivesse um espaço pessoal de atendimento. Desde então, outros casais toparam esta modalidade de atendimento com excelentes resultados. Costumo fazer um período diagnóstico, no qual uso duas ferramentas chaves: um questionário de avaliação e, sempre que possível, o genetograma familiar (o mapa familiar das duas famílias, em paralelo) de cada um dos cônjuges. Utilizo papel A3 e faço o mapa de cada família. O objetivo é perceber casais que tem o mesmo padrão de funcionamento do casal em atendimento. É muito interessante, impactante até, o casal perceber que está repetindo a história de outro casal da família de um/outro/ambos. Tendemos a reproduzir comportamentos e relações familiares (pais, avós, tios) por identificação. Mesmo na sessão online, faço este mapa. O cônjuge vai me apresentando sua família e vou montando o esquema(mapa) que depois é enviado a cada um dos cônjuges, via e-mail. O mesmo é feito com o questionário. Num primeiro momento, mando o questionário, que é respondido individualmente em casa, depois me é enviado via e-mail. Costumo imprimir uma cópia de cada questionário, para ter o material em mãos. As 19 perguntas do questionário retratam o histórico do casal e do conflito. O importante é a troca de informações: o entendimento do universo de cada um, decepções, frustrações e expectativas.
Depois a psicoterapia segue os moldes do atendimento individual online. Com os mesmos prós e contras multiplicados por 2.
Apesar de gostar muito do atendimento online, enquanto paciente/terapeuta, percebo que a maioria dos pacientes ainda prefere o modelo presencial. Casais ainda mais. O que muitas vezes define a escolha da modalidade é a questão do horário. Tem de haver a sincronia entre a disponibilidade de horário do coworking, do terapeuta, do paciente A e do paciente B (os cônjuges). Um equação nem sempre fácil de resolver. Outro fator é a diferença de preço. No atendimento online, praticamente não existem custos. No atendimento presencial, além da taxa paga ao coworking, existe o gasto de combustível para chegar ao local do atendimento, estacionamento, etcetcetc, algo em torno de 25% do valor da sessão. Esta quantia, acaba sendo incorporada ao preço final do atendimento.