Hoje o mar não estava para conchas,
estava para as águas marinhas. Estendidas e desovadas na areia.
Melhor assim.
Inofensivas, entumecidas e inchadas,
vibrantes cor de rosa, lilás e roxo. Azul claro,
de cauda azul marinho desfiada em pura maçaroca.
Ardidas ao sol. Doídas no desamparo da dura e seca areia da praia.
Melhor ainda, sob o olhar satisfeito de toda uma gente.
Também eu, sorri inebriada. Agradeci aos céus.
Sim, me senti horrorosa e maravilhosamente sádica.
Como dizem, vingança é um prato que se come frio.
Doí tempos atrás com a pegada displicente da linda, colorida e ardida água marinha.
Ardi numa dor traiçoeira sem saber do que, como, onde ou porque.
Chorei de dor.
Pois que ardam no calor do sol, na areia seca e no olhar satisfeito de toda uma gente.
Como dizem, vingança é um prato que se come frio. Me lambuzei.