Oficinas Literárias

Normalmente, quando faço uma Oficina Literária saio devastada, desiludida e desmotivada. Não que as oficinas não sejam boas. Até são. Como também são meus colegas oficineiros. A maioria, jornalistas em busca de aprimoramento ou pessoal ligado a teatro, publicidade, direito e, os outros. As minorias. Dos outros, faço parte.  São poucos os psicólogos nas oficinas literárias mais específicas. Então, quando os textos começam a ser apresentados, os profissionais  ligados às áreas de comunicação e letras, bailam. Dançam valsas, tangos e rumbas cheios de ritmos, gingados e elegância. Tanto faz se é de improviso – durante a própria aula – ou tema de casa. O que não é meu caso. Aliás, decidi não mais fazer, nem apresentar exercícios feitos em aula. Quando muito, os temas de casa. A impressão que tenho é que quanto mais oficino, pior fico. Sem contar que a maioria dos meus colegas são clientes de carteirinha e vivem de oficina em oficina, pagas e gratuitas, como atletas de academia. Malham palavras e ideias o tempo todo. Já os meus textos vem ao mundo aos trancos e barrancos. Primeiro os pés – torcidos e grandes – depois a cabeça – pequena e avoada – arrancados a ferro. Nascem deformados e fora de forma, almejando atenção e cuidado. Eles tem levado é muita porrada. E estão doídos, com a auto-estima “under line”. Atrapalhados e confusos, não retratam nem o que penso, nem o que sinto. E, não era assim. Por isso decidi dar um tempo e reencontrar minha veia, deixando a essência fluir livre e solta, sem regras ou críticas literárias. Nada de cobranças, prazos e exigências. Meu anti-EU. Alguém um dia me disse – um revisor do texto Serena – que me afastasse das oficinas. Elas tentariam me doutrinar. Chegou a hora de reencontrar minha escrita e meu estilo, no meu ritmo e tempo. Alguém um dia também me disse – minha terapeuta – que eu era um espírito livre e rebelde. Preciso me soltar das amarras e voltar a voar.

6 comentários sobre “Oficinas Literárias

  1. Bela reflexão, Suzete! e, para além da reflexão, gostei demais desse texto.

    Também tenho andado atento para não ‘malhar palavras e ideias’ a toque de caixa, me perdendo de vista.

    Boa!

  2. Adriane

    Suzete! Perfeito! Quanto mais livre para voar, mais alto o voo!!!!! Este desabafo saiu das entranhas e reflete a essência. Talvez, por isso mesmo, ficou ótimo! Adorei. Mas, certamente, sou suspeita.

    1. Fico feliz que gostastes. Foi um desabafo sim, e consegui dizer mais ou menos o que eu pensava. Aprendi muito nas oficinas, mas agora tenho de adaptar ao meu estilo.

      Em 16 de fevereiro de 2013 09:53, By Suzete

  3. Suzete, assim como tem casas que a gente olha, acha bonita, mas diz: ‘coisa de arquiteto’, tb há textos que leio e penso: ‘texto de oficina’. À casa e ao texto falta alma. Mas, evidente que há coisas interessantes. Eu aproveitei muito a oficina que fizemos com Noemi. Pra mim, foi uma linha divisória. Além de estimulante.

    1. San, também aprendi com todas. A da Noemi foi minha primeira e também adorei, tipo admirável mundo novo. Foi pura descoberta. Depois veio a de Ficção e a do Carpinejar e aí foi porrada. Preciso deixar a poeira assentar. Enquanto isso vou fazer o que uma supervisora um dia me falou (quase que coloquei no post, rsrsrr): Aprenda a técnica, esqueça-a e vá clinicar. Foi assim que me tornei psicóloga. Vou usar a mesma receita para me tornar melhor escritora. Mas se surgir uma boa oficina de crônica ou poesia, me avisa. rsrsrs Sobrevivo.

      Em 16 de fevereiro de 2013 11:41, By Suzete

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