Andando pela plantação de alfafa – serena e tranquila, eu – o olhar perdido nas videiras podadas e amarradas (pobrezinhas), nas araucárias solitárias e imponentes, feito povo em pé, entre ovelhas e caixas de abelhas, o avistei de longe.
Parecia um lutador de box.
Com luvas fofas e arredondadas de vermelho,
ou laranja, amarelo ou verde.
Conforme eu rodava, o Cambará também rodava,
e rodavam as cores e as formas. Rodava eu também, encantada.
Zanzei de cá pra lá e de lá pra cá, o dia todo, e ao por do sol, pé ante pé, a memória do olhar, ainda tamborilando, conduziu-me a olhar de perto, quem pela manhã me seduziu.
O Cambará.
A árvore de casca grossa e alma antiga, ostentando seus galhos secos, quebrados e retorcidos pelo tempo, pelo frio, pelos ventos, geadas e nevascas, calorões infernais e sol inclemente. Ele sabe. Ela sabe. A natureza sabe ser implacável e cruel, e o cambará, de dias contados, resiste heroicamente. Sabe do seu tempo.
Sabe da imprevisibilidade do tempo e da vida.
Enfeita-se de colares, anéis e braceletes de bromélias coloridas. Um Cambará perua. Quem diria.