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Algumas fotos do Pinterest lambuzaram meu Facebook.
Queria entrar no clima. Não deu.
Decorei a casa da minha mãe. Bate o sino pequenino, sino de Belém
Decorei minha casa. Luzinhas, bolas, adornos. JesusMariaJosé. E foi só.
Os convites para a ceia e o réveillon, cancelados.
Nada de exageros – decisão minha;
Nada de aglomerações – decisão de saúde pública.
Acatei ambas e de bom grado.
O ano exige cautela.
O sossego é bem vindo.
Como foi que o Natal chegou, assim, desse jeito, todo sem jeito?
Até o peru ficou ressentido:
dividido ao meio, assado de perfil servido com farofa agridoce e arroz branco.
Travessa única.
Os presentes ainda estão sob o pinheiro. Ninguém veio.
O melhor do Natal foi saber que todos sobrevivemos
Que todos estamos bem.
Estamos sós.
Teoricamente bem.
O coração bateu descompassado, ressentido.
Mas bateu.
E então, entre um seriado da Netflix e outro da Prime Vídeo,
com a chuva batendo forte, o calor típico do Natal tropical,
alguém escolhe o filme “Eu sou a lenda” de Will Smith.
Qualquer semelhança certamente é mera coincidência – decidimos todos.
Em meio a este Natal pandêmico e anêmico,
brincamos com a inevitabilidade da tragédia:
descemos os DVDs catastróficos. Meus preferidos:
Independence Day, Um dia depois de amanhã,
Terremoto, Armagedon, A invasão dos Mundos …
E o espírito natalino escorreu feito Vulcano.
O preferido de Elias.
Ainda penso em Will Smith.
Eu sou a lenda. Seremos todos nós?