Enfim, chegou a hora do findar de mais um ano.
Decorar a casa para o Natal faz parte deste processo de finalização e reflexão.
Gosto deste período. Gosto de fechamentos e finalizações. Sensação de meta
atingida e objetivo conquistado. Há anos escrevo sobre vários aspectos do Natal.
Relendo posts antigos (é só apertar o “search” ou “buscar” na lateral inferior
direita da página do blog e colocar a palavra “Natal” e mais de 10 posts
aparecem) percebo a trabalheira que tive durante todos estes anos (e outros
mais). Por tradição ou não, o Natal me remete a presentes, ceia, missa e
decoração natalina. Lembra minha infância dos pinheiros naturais em lata com
“Melhoral” embebido em água, bolas que quebravam, presépios montados sobre
caixas revestidas por rochas feitas de papel, tinta e erva, lagos feitos de espelho
cheios de patinhos, algodão sinalizando a neve da Lapônia, as barbas de pau
penduradas nos galhos do pinheiro, a grama onde pastavam as ovelhinhas, os
caminhos de areia por onde transitavam pastores e reis, os presentes, o sangari
de vinho, as bolachas de Natal feitas em casa, mas principalmente, da crença da
existência do Papai Noel e do menino Jesus. Não lembro que idade eu tinha
quando descobri quem, de fato, era o Papai Noel. Fui crescendo e o Natal foi se
adequando aos que entraram e saíram da família. Os presentes também
acompanharam as revoluções domésticas e sociais. Casamentos, separações,
nascimentos e mortes, a evolução eletrônica, as mídias sociais, a extinção dos
cartões de Natal (ainda tenho uma caixa com cartões dos artistas que fazem com
os pés), os vales-presentes, os presentes feitos com as próprias mãos, os novos
amigos, as novas casas. Depois que minha mãe deixou de tocar órgão e reger o
coral na igreja, as missas ficaram no passado. A crença no menino Jesus persiste,
mas de um novo jeito. As orações são diárias e feitas junto aos santos que
ornamentam a casa o ano todo.
Dos presentes da época, lembro com carinho da boneca Susi e do conjunto de
poltronas de vime para o chá de bonecas. O pequeno conjunto de porcelana para
o chá ainda existe (guardado para as netas que talvez, um dia cheguem). Doces
lembranças de tempos tranquilos embalados por brincadeiras e alegrias.
Lembrar do passado é coisa de gente saudosista. Minha mãe é. Ela adora lembrar
de tempos idos quando as tradições eram outras e os personagens também. A
vida seguia um ritmo diferente, a sociedade era outra, exigências idem. Do tempo
dela para o meu, até chegar aos dias atuais, a vida mudou. E muito.
De qualquer forma, a chegada do Natal continua sendo o evento do ano. A festa é
para todos os gostos. Tem os que valorizam mais a questão religiosa, tem os que
priorizam os presentes, a decoração, a gastronomia, o encontro de familiares e
amigos, o fim de mais um ano.
Eu gosto da salada de tudo isso. Tudo junto e misturado.